segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A "NOSSA" FORTE E SURPREENDENTE CULTURA GOIANA


 
Primeiro de tudo, eu não sou goiano, nunca morei no Goiás e o máximo que fiquei em alguma região/cidade goiana foi um período curto de 7 ou 8 dias. Vivo obsevando culturas, é como um hobby para mim; gosto de variedades, de conhecer culturas diferentes e de provar sabores diversos. Três de meus melhores amigos, um é goiano de Anicuns e outros dois são “agoianados”, são de forte cultura goiana.

Eu costumo dizer brincando diante da diversidade cultural em que vivemos – “O sulparaense pensa como gaúcho; trabalha como paranaense, fala como maranhense, faz negócios como mineiro, mas, se veste, se alimenta e curte/ouve música como goiano. O Goiás tá na moda?!, bem, na moda parece que está mesmo, veja a produção de roupas no Goiás, mais barata e de ótima qualidade, e como eles conseguem vender tão barato (??!), é coisa de goiano mesmo; conheci um mineiro que me disse que eles faziam caravanas de compradores em Minas Gerais e viajavam ao Goiás para comprar em Goiânia e Jaraguá confecções mais baratas que em Minas, me surpreendi com o que ele me disse.

Apesar da mineirice, do pão de queijo, do queijo minas e do “canivete na cinta”, coisas bem mineiras que o goiano adota também por aqui, a cultura goiana acaba prevalecendo; aquela coisa de ir pra roça final de semana, o jeito de ir é muito goiano. Aqui no sul do Pará nossa mesa é goiana, meio mineira, mas o Goiás prevalece, não só pelo pequi e gueroba, mas o arroz é bem agoianado.


Alguém diz que o Goiano é o “Mineiro Cansado”, hahahaha, (risos), mas eu discordo, eu até poderia dizer que o goiano é um mineiro mais do mato, mais do rio, mais molhado, mais terra roxa, acho até o goiano mais rural que o mineiro de hoje que é bem mais urbanizado. Se eu fosse goiano e morasse no Goiás, eu seria torcedor do time Goiás de Goiânia mesmo, pois me parece mais autêntico, mas nada  contra o “Vila Nova”, o Atlético e o Anapolino; o Goiás começa a se destacar no futebol também.


Este ano de final ímpar (2013)  foi o ano do pequi por aqui e deu pouca bacaba. Abusei de tanto comer pequi, mas foi bom!, Reconhecendo que o Goiás é realmente a terra do pequi, o de lá é quase vermelho e de sabor intenso. Tudo isso pode ser uma fase, mas o Goiás culturalmente se faz presente, sendo mais fácil alguém daqui de nossa região sulparaense viajar com mais frequência a Goiânia que a Belém. Não estou desprezando outras culturas, pois aqui se come puba em grande quantidade, até os goianos aprenderam a comer a farinha d’água, contudo, o hábito de se comer farinha de puba aqui no sul do Pará veio dos garimpeiros maranhenses, sim, foram os maranhenses que trouxeram este costume alimentar para o Sul da Amazônia, em suas andanças nos garimpos. O Pará veio trazer mais cultura alimentar só muito tempo depois, prevalecendo o açaí e a farinha de tapioca, alimentos que caíram no gosto dos sulparaenses.

Penso que 80% de nossas residências adotaram o modo de comer dos goianos, mas na fala os maranhenses prevalecem, contudo, além do garimpo, há outra explicação para o fortalecimento deste sotaque por aqui, é que existem regiões do Goiás que por conta da proximidade com o Nordeste, principalmente com a Bahia, o sotaque se tornou mais “nordestinizado” nestas paragens goianas, porém, mesmo assim, a cultura goiana tem prevalecido; entendemos que goianos trouxeram parte do falar nordestino para cá, o que se assemelha ao falar maranhense.

Desculpem-me os paraenses, não estou levantando uma bandeira contra o Pará que amo, eu nasci em Pernambuco, mas me criei no Norte do Pará e Amapá comendo açaí com camarão e peixe assado com farinha, etc., banhando nos igarapés de Bragança e no rio Amazonas no Amapá, casei-me com uma linda paraense do norte e de ascendência cearense. Mas, o Goiás prevalece como cultura é por que nós aceitamos e gostamos, não é algo forçado, é espontâneo e o Goiás é bom mesmo.

E nós constatamos que assim como o gaúcho, o goiano sente orgulho de sua cultura e valores e procura vivê-los mesmo fora de seu estado e não se incomodam que outros se “agoianem”; eu agoianei. __Ué, cadê meu pastel de gueroba ??



Pedro Paulo Barbosa
Floresta do Araguaia-PA

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